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Foto do escritorSergio Izecksohn

Microfones e captação do som nos estúdios


Gravar vozes e instrumentos acústicos ou elétricos é uma das tarefas mais críticas de um estúdio. E, se não há regras, qual a melhor maneira de se captar cada som? Como ponto de partida, vale a pena conhecermos os procedimentos mais comuns de captação e os microfones mais usados pelos estúdios mundo afora.

Comecemos pela escolha do local mais adequado dentro da sala de gravação, aquele onde os sons têm maior naturalidade. Do mesmo modo, devemos sempre experimentar o posicionamento correto do microfone diante da fonte sonora. Essas duas precauções são mais valiosas até do que a própria escolha do microfone.

É fácil a gente concordar com isto, imaginando o seguinte: o que vai captar melhor a minha voz, um microfone barato comprado na rua, posicionado a 5 centímetros de distância da minha boca, ou um microfone sofisticado para estúdio, só que a 10 metros de mim? É claro que a posição do microfone faz muita diferença, então! Não adianta investir sem saber posicionar os microfones.

Pré-amplificadores. Os microfones trabalham em níveis de volume mais baixos do que os instrumentos eletrônicos, como teclados, baterias ou aparelhos como as mesas e as placas de som. Para operarem em níveis compatíveis com os dos demais equipamentos, os microfones precisam ser pré-amplificados, isto é, amplificados antesde entrarem no sistema de som.

Podemos utilizar pré-amplificadores avulsos para os microfones e enviar o som dali para a placa de som. Existe uma grande quantidade de bons modelos no mercado. Por outro lado, podemos utilizar os preamps de uma placa de som, o que costuma sair bem mais em conta. Ou usar uma mesa.

Conexões. Os microfones podem ser ligados diretamente à mesa, caso não disponhamos de um pré-amplificador específico para eles. A mesa deve ter entradas balanceadas no formato Cannon ou XLR de três pinos para uma melhor qualidade do som.

O microfone usa uma saída balanceada, que contém um terceiro fio que neutraliza ruídos e interferências eletromagnéticas no seu sinal, além dos tradicionais fios neutroe fase. A saída balanceada do microfone é conectada à mesa através de um cabo com plugues XLR (ou Cannon).

Tipos. Os microfones para gravação, quanto ao seu modo de funcionamento, se dividem em dois grupos principais: dinâmicos e a condensador.

Microfones dinâmicos, os também chamados microfones duros, baseados numa bobina móvel acoplada à membrana, têm em geral uma resposta um tanto “dura”, só captando bem a fonte sonora próxima à membrana.

Esses modelos são os mais recomendados para captar sons de maior intensidade ou pressão, como percussão, metais (sopros) e alto-falantes de guitarra. Com sua resposta fraca para sons mais distantes, são muito úteis para os pequenos estúdios sem tratamento acústico, assim como para o uso no palco, já que são resistentes a ruídos de manuseio.

Microfones a condensador. Bem mais sensíveis que os dinâmicos, são mais usados em estúdios de gravação e de TV, otimizando a qualidade sonora. Ideais para captar vozes e instrumentos com sons de média ou pouca intensidade, desde que num ambiente acústico tratado. Também chamados de microfones a eletreto ou capacitivos, esses modelos precisam de energia elétrica para alimentar o condensador.

Phantom power. Geralmente, a mesa de som ou o pré-amplificador tem uma chave de phantom power, que envia uma corrente elétrica com a tensão de 48 Volts para o condensador através do próprio cabo de áudio do microfone. Os outros tipos de microfones, como os dinâmicos, ignoram esta energia “fantasma” (ou seja, invisível, sem um cabo próprio).

Microfonia ou feedback é a realimentação ou o retorno do som captado pelo microfone a ele próprio após o som ser amplificado e reproduzido pelo alto-falante. O microfone não pode estar na mesma sala que um alto-falante ligado reproduzindo o seu som, pois será inevitável a microfonia. Durante a gravação, capte os sons em outra sala, isolada acusticamente, ou use fones de ouvido em vez dos alto-falantes.

Diretividade. Microfones podem captar o áudio vindo de várias direções com diferentes curvas de atuação. Fora dessa área, a captação cai para níveis muito baixos.

Dependendo dos modelos, podem atuar de uma única maneira ou de várias, escolhidas num seletor. É importante observarmos e compreendermos os diagramas polares dos manuais para conhecermos a sua área de captação. Os ícones de cada diagrama costumam vir desenhados no próprio microfone.

Cardioide

Os microfones cardioides captam melhor os sons emitidos dentro de uma área em forma de coração, diante da cápsula e a moderada distância. Quanto mais a fonte sonora se posicionar à frente da cápsula do microfone, maior será o ganho. Quanto mais ela se afastar da frente da cápsula, girando em torno do microfone, menor o nível do som captado. Por trás do microfone a captação é anulada.

Os supercardioides e os hipercardioides têm essa área de captação frontal ainda mais estreita. Embora também captem os sons mais próximos (ou mais fortes) que vêm de trás, eles não são capazes de captar os sons que vêm de trás em diagonal.

Se, por um lado, esses microfones são insuficientes para captar o som de uma área mais larga, como um coro, por outro lado, reduzem os vazamentos de ruídos externos na gravação, sendo ainda mais úteis em gravações de várias fontes sonoras com vários microfones e nos estúdios sem isolamento acústico.

Supercardioide

Onidirecionais ou omnidirecionais, os também chamados microfones multidirecionais captam os sons que vêm de todas as direções. São ideais para gravação de seções de orquestras e coros, além de permitir boa captação em um ambiente sem vazamentos.

Figura-de-8. Captação de duas regiões esféricas, uma à frente e a outra atrás do microfone, isolando os sons laterais. Boa para gravar duas fontes sonoras posicionadas uma diante da outra. Também chamado de bidirecional.

Hipercardioide

PZM. Pressure Zone Microphone, boundary mike ou microfone de ambiente é um tipo de microfone com o formato achatado, geralmente pendurado em uma parede lateral da sala de gravação.

Seu elemento é afixado suspenso sobre um dos lados de uma folha de material reflexivo ao som. Por isso mesmo seu padrão de captura é o mais aberto possível, assemelhando-se a uma semi-esfera, registrando sons provenientes de todas as direções em relação à sua superfície superior.

Onidirecional

Colecionando microfones. Existe uma infinidade de modelos de microfones para estúdios de gravação e muitas excelentes fábricas. Os modelos aqui citados são os mais freqüentemente encontrados em grandes, médios e pequenos estúdios, devido à sua qualidade, versatilidade, seu custo/benefício ou outros fatores.

Se o seu home studio ainda é básico, sem tratamento acústico, este não é o momento apropriado para adquirir uma coleção de microfones para todas as finalidades. Neste caso, o uso de um ou dois microfones dinâmicos, desses que se usam nos palcos, pode ser uma solução natural.

Figura-de-8

Dinâmicos e, portanto, pouco sensíveis a sons mais distantes, além de unidirecionais (cardioides), esses modelos compensam bastante a ausência do isolamento e do tratamento acústico. Econômicos com relação à qualidade, permitem a poupança para os próximos investimentos.

O estúdio de médio porte pode adotar, para uso geral, um bom modelo a condensador que sirva para captar vozes e instrumentos como o violão, além de um dinâmico para os sons mais agressivos.

Para o pequeno estúdio com isolamento e algum tratamento acústico, surgiram nos últimos anos muitos modelos de microfones a condensador de baixo custo.

Para home studios maiores, a aquisição dos microfones segue a sua própria vocação. Gravar bateria, por exemplo, demanda a compra de um kit de microfones específicos para os tambores e pratos, além da necessidade de uma sala especial para a sua captação. Também por isso a maioria dos home studios opta pelo uso das baterias virtuais e dos loops.

Qualquer que seja a sua escolha, lembre-se que o mais importante é sempre o posicionamento do microfone e da fonte sonora durante a captação.

Vejamos, então, aqui, algumas técnicas e os microfones mais usados para a captação de vozes e dos instrumentos mais comuns:

Voz. Os microfones a condensador são os mais apropriados. Os mais usados nos estúdios comerciais são o Neumann U87 e o AKG C 414. Vários modelos da Behringer, da CAD e da MXL, entre outras fábricas, são alternativas usuais para um home studio de porte médio. O microfone deve ficar sempre no pedestal, com suspensão própria e uma tela para filtrar o som da voz e barrar a emissão mais forte do ar, que causa o indesejável “puf” ou “pop” na gravação.

A distância do microfone a condensador varia de acordo com a potência vocal do cantor, geralmente entre uns cinco e uns trinta centímetros, na altura dos olhos ou um pouco abaixo. Usando um microfone dinâmico (no pequeno estúdio), devemos posicioná-lo a 45 graus da boca do cantor e a distância será de um a cinco centímetros.

Após “passarmos o som” não devem ser feitos outros ajustes de volume durante a gravação. Toda a dinâmica fica por conta do cantor e de seu posicionamento diante do microfone. Os demais ajustes só serão realizados na mixagem. Caso ocorra um pico excessivo ou clip no sinal de áudio durante a gravação, devemos interrompê-la. Observamos onde ocorreu o pico (no preamp, no canal da mesa, na placa de som ou no retorno), corrigimos o nível e reiniciamos a gravação.

Violão. Temos aqui várias opções de captação. Em um ambiente acústico ideal, o violão com cordas de nylon será captado por um ou dois microfones a condensador, como os citados aqui para voz, a uns trinta centímetros do tampo frontal do instrumento e a uns sessenta centímetros um do outro (se usarmos dois). Evitamos posicionar o microfone próximo à boca do violão, de onde o ar sai com muita pressão.

Na maioria dos home studios, uma boa opção é começar experimentando posicionar um microfone a condensador, ou mesmo um dinâmico, a poucos centímetros da parte inferior do tampo do violão, geralmente na parte de trás. Use um fone de ouvido para escolher as melhores posições do violão e do microfone.

Microfone lapiseira

O violão com cordas de aço ou folk, atuando em conjunto com outros instrumentos de harmonia, pode ser captado por um microfone que realce as altas freqüências (agudos), desses de prato de bateria, com o formato de lapiseira.

Guitarra. A captação da guitarra costuma ser feita através de microfones dinâmicos, captando o alto-falante do amplificador a uns dez ou quinze centímetros. O microfone aponta perpendicularmente para o centro do raio do cone do alto-falante. O amplificador deve estar em outra sala, isolado da técnica. Usa-se também a gravação em linha através de um pré-amplificador ou um simulador de amplificadores.

Captação de guitarra

Baixo. Pode ser conectado diretamente à placa de som, ou à mesa, ou via amplificador, ou microfonado ou de várias formas combinadas. Microfonado, segue os padrões da guitarra, usando um microfone dinâmico. Em linha, o som é mais nítido. As cordas têm que estar novas, o instrumento regulado e, se usar captação ativa, bateria nova.

Bateria. Usam-se vários microfones diferentes, em geral dinâmicos para as peles e a condensador para os pratos. Para o bumbo, o mais comum é o AKG D 112, dentro do bumbo. Sobre a caixa, usa-se muito o Shure SM57, voltado para a pele superior, a uns 5cm da borda.

Muitos técnicos de captação usam nos tom-tons o Sennheiser MD 421 e no surdo, o Electro-Voice RE 20, posicionados como na caixa. Usa-se mais para o contratempo o Shure SM94. Os pratos podem ser captados por cima, por dois microfones “overall” do tipo lapiseira, como o Shure SM81.

Nunca é demais experimentarmos outras opções de captação, já que o que realmente importa é o resultado. A boa execução vocal ou instrumental é o fator mais importante para uma gravação de qualidade. Não deixe para recuperar a qualidade na mixagem. As melhores soluções são encontradas na hora de gravar.

Nos estúdios de gravação existem microfones específicos para a captação de cada tipo de voz ou instrumento musical, como também há modelos mais versáteis para uso geral. Informe-se, não deixe de testá-los e compará-los com os concorrentes em condições acústicas normais e iguais antes de comprar. E compre o que o seu ouvido mandar.

Observação: Na primeira foto, vemos um reflection filter. O filtro de reflexão ajuda a isolar as fontes do ambiente usando várias camadas de materiais acústicos para ajudar a reduzir o ambiente da sala no microfone. Em um dos modelos, a primeira camada é feita de um polímero que difunde as ondas sonoras que passam através dela. A seguinte é uma camada de lã acústica de alto grau de absorção, seguida de um intervalo de ar. Isso ajuda a absorver reflexos indesejáveis ​​e separa as camadas mais externas da camada estriada interior. Esta camada interior é feita de uma espuma de alta densidade, especialmente concebida com ondulações curvas para isolar ainda mais a fonte. Há modelos com nove camadas.

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